O Exterminador precisava chegar logo ao casamento da irmã, afinal de contas, era um dos padrinhos. Atrasado que estava por causa do trânsito que resolvera estancar do nada, procurou bem no fundo das ideias, a melhor forma de sair da calçada. Parado ali, a pé, com o celular na mão, imaginou que seria muito difícil encontrar quem o ajudasse, uma vez que todos os conhecidos estavam ocupados em participar do casamento.
 
Depois de algum tempo, finalmente se lembrou de um antigo anúncio de táxi que o vizinho recomendou. Estava em algum lugar na memória do celular. Sacou o aparelho do bolso e foi logo encontrando um anúncio amarelo, com escrita vermelha e um título verde que ocupava o topo da página: “Baratáxi, o táxi mais barato da cidade.” Não era um dos melhores, mas era o que tinha ao alcance numa noite pouco movimentada de domingo.
 
O carro chegou rápido, o motorista pouco animado e ostentando uma careca reluzente perguntou o destino e partiu como uma bala. “Escolheu bem, esta é a corrida mais barata da cidade. Um barato, se me permite o trocadilho.” O Exterminador se forçou numa risadinha, precisava chegar logo. Depois de pouco tempo correndo pela avenida, percebeu algo pequeno se mover perto do seu braço, depois, perto de sua perna, de seus sapatos, por fim, virou-se e percebeu que algo também se movia acima de sua orelha. Baratas, muitas baratas irrompiam de todas as aberturas e fendas do carro.

O Baratáxi era um carro infestado, fazendo jus ao nome.
 
– Pare, já posso descer aqui.- disse o Exterminador, ofegante de tanto se desvencilhar dos insetos. Sem pensar muito, desceu do veículo que mal parara e atirou algumas notas nas mãos do taxista.
– Eu só precisava de uma corrida rápida e barata. – Disse, exasperado.
– Foi isso mesmo que eu lhe dei. Barata. – respondeu o motorista, grosseiramente.